SEGURANÇA MÁXIMA

Tanto dinheiro junto, e não conseguias ter uma noite descansada? Completamente só, e parecia que estavas a ser observado? O teu reino por uma noite de descanso! Foi o que fizeste.
Procuraste algo onde te sentisses seguro, mas pudesses ficar sozinho. E aí começou a tua odisseia. A casa teria câmaras ocultas, geradores, botões de emergência, arame farpado electrificado, muros enormes, chão em aço, paredes super espessas à prova de tudo e mais alguma coisa...Sim, já se começava a parecer com algo seguro. Nunca foste muito sociável. Mas também nunca foste muito desconfiado. Nem inseguro. Mas aquela presença que não se via nem ouvia, dava constantemente cabo de ti, fosse onde fosse, excepto em locais de multidão. Dormir duas horas seguidas, era um luxo para ti. Acordar menos de dez vezes numa noite, era um record ainda a superar, e no qual sinceramente, até ocorrer-te esta ideia, não acreditavas.
 Obviamente pensaste que terias alguma doença. Mas a ciência disse que não. Obviamente pensaste em estar maluco. Mas o psiquiatra disse que não. Obviamente pensaste em coisas paranormais e sobrenaturais, mas a resposta, só Deus ta podia dar, e tu, nunca foste muito dessas coisas.
Era desta, que ias dormir como deve de ser. A casa tinha um cheiro característico de metal, apesar de ser toda hi-tech e estar extremamente bem decorada. A iluminação, a temperatura, a cor eram mais que óptimas. Tinha todas as condições de relaxamento possível, que davam para qualquer comum mortal passar dois ou três meses sem se lembrar que havia mais mundo lá fora...afinal, uns quantos milhões conseguem comprar maravilhas. Foi tudo estudado de acordo com a tua personalidade, demorou meses a acertarem todos os detalhes, por isso, tinha de valer a pena. Os últimos testes à segurança são feitos: tecnologia toda operacional. Até scanning fizeram à zona debaixo da casa, para garantir que não havia nada nem ninguém a tentar entrar pelo chão. Peritos em fugas da prisão, de gás, ar, água e tudo o mais, certificaram-se que ficarias ali, hermeticamente conservado e fechado, com todas as condições de higiene e saúde necessárias. Projecto aprovado, onde serias o cientista e a cobaia simultaneamente.
Hora de deitar. Depois do ginásio, piscina, SPA, banho turco e um jantar à maneira, vais deitar-te. Até agora não sentiste nada de estranho. Sentes-te óptimo, confiante, relaxado...
Já estas entre os cobertores, feitos de uma liga especial que favorece a circulação sanguínea e cujo nome nem sabes pronunciar. A almofada é de...
Adormeces. Pareces uma criança. E lá passa a primeira hora de sono...a segunda estava a chegar, mas...
-Eehehheheh...
Continuas a dormir, pois não ouviste...
-Ehehehehehehehhehe...
Despertas antes de atingires a hora e meia a dormir. Ouviste algo. No teu enorme quarto, onde tens luzes de presença azuis ligadas, sentes algo. Desta vez mais forte que nunca.
-Ehehehehehehehehhe
Agora tens a certeza que não era um sonho. Ouviste mesmo um riso baixo, mas maquiavélico. Grave, mas constante. Estás virado para um lado, mas começaste a virar para o outro. muito lentamente. As luzes passam de azul fixo, para vermelho, inconstante. Num dos cantos do teu quarto, vês algo. Há nuvens no teu quarto e não consegues perceber...Alguém?
Estás super assustado. O telemovel está longe demais. E para quem ias ligar, com aquilo ali tão perto? Pressionas no botão de emergência que estava perto da almofada, um, das dezenas que levaste horas a decorar a sua localização. Esperas que te liguem. A chamada em resposta à tua emergência é extremamente rápida. O telemóvel vibra, e toca. Tu queres apanha-lo para atender, mas notas que a figura que está ali contigo, ali no teu super quarto, levanta a cabeça. Toda ela é negra, com um capuz na cabeça. Notas que levanta depois a mão esquerda dotada de garras enormes, na direcção do teu topo de gama. Ouves o som, como quando as pilhas dos aparelhos electrónicos estão demasiados fracas. Para teu horror, vês o aparelho desfazer-se, derreter-se em cima da mesa de cabeceira onde o deixaste.
Ainda não falaste. Não sabes porque ainda não te vieram socorrer, com tanta câmara a filmar o que os teus olhos vêem. Tentas ganhar coragem e perguntas ao teu medonho companheiro de quarto:
-Co...como entraste aqui?
Alice no Pais das Maravilhas, tem um gato com um sorriso bem menos medonho que este. Vislumbras um sorriso a aparecer cada vez mais, mostrando todos os dentes afiadíssimos, ao estilo de Alien, a tua quadrologia preferida...o sítio dos olhos revela dois circulos vermelho-inferno. Mais em pânico que nunca, e numa voz desconcertante, chega a tua resposta:
-Preocupa-te...é como...é que vais...sair...

BY:JCS
08/03/2012
22:31





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